Empresto meus olhos aos seus | I Lend you my Eyes 2007-2008
Expedição Rumo ao Sul | Expedition toward the south – 2007
Expedição Canadá | Canada Expedition – 2008
Propus ceder meus olhos em uma viagem rumo ao sul, em 2006, e rumo ao norte, em 2008. Busquei lugares, pessoas ou coisas que os participantes desejassem ver ou rever. Na Expedição Rumo ao Sul, 23 amigos aceitaram meu convite, propondo-me diferentes roteiros. Procurei a prisão onde uma amiga esteve detida no Uruguai; procurei a casa de uma parenta com quem não se fazia contato há vários anos; visitei cemitérios à cata de túmulos com um nome específico; e uma construção que não foi possível fotografar no passado, entre outros pedidos curiosos. Ao final da expedição, cada participante recebeu uma caixa contendo o relato de como seu pedido foi realizado e as imagens coletadas para seus olhos.
Para a Expedição Canadá, publiquei anúncios nas mídias de Toronto e de São Paulo, convidando o público local a me encomendar olhares. Cada encomenda canadense deveria, necessariamente, focar a cidade de São Paulo. Toronto era a cidade-destino para as encomendas do público no Brasil. Recebi encomendas de doze pessoas residentes no Canadá. Realizei os pedidos de oito delas, emprestando-lhes meu olhar em São Paulo, registrado em filme e fotos. Entre os pedidos listados, constava a visita a uma roda de samba e um encontro com o cantor e compositor Tom Zé, em quem deveria dar um beijo, e dizer-lhe que sua música faz a vida melhor. Em Toronto, realizei treze das 24 encomendas recebidas. Entre elas, estava a de uma brasileira que me pedia que buscasse pessoas de nome Graham, na esperança de reencontrar uma paixão fulminante. Outro pedido me solicitava a visita ao Museu dos Sapatos, onde eu deveria fotografar alguns pares e imaginar como gostaria de usá-los.
A coleta de olhares alheios foi uma experiência fascinante! Entre as encomendas, uma, vinda de uma moradora do Rio de Janeiro, pedia-me que buscasse um casal que ela não via há anos. Acabei sendo convidada a jantar com eles. Hoje somos amigos, e já os visitei outras vezes. Viver o desejo do outro, com seu olhar, levou-me a lugares e encontros improváveis sem esses empréstimos.
I proposed to lend my eyes on a trip toward the south, in 2006, and toward the north, in 2008. I sought places, people, or things that the participants wished to see or resee. In the Expedição Rumo ao Sul, twenty-three friends accepted my invitation, proposing different routes to me. I sought out the prison where a friend had been detained in Uruguay; I sought out the house of a relative with whom she had not made contact for various years; I visited cemeteries looking for graves with a specific name; and a construction that was not possible to photograph in the past, among other curious requests. At the end of the expedition, each participant received a box containing the report of how their request was carried out, along with the images collected for their eyes.
For Expedição Canadá, I published advertisements in the media of Toronto and São Paulo, inviting the local public to request gazes. Each Canadian request should, necessarily, focus on the city of São Paulo. Toronto was the destination city for the requests from the public in Brazil. I received requests from a dozen residents of Canada. I carried out the requests of eight of them, lending them my gaze in São Paulo, recorded in film and photos. Among the requests listed, there was a visit to a samba dance session and an encounter with singer and composer Tom Zé, where I was supposed to kiss him and tell him that his music made life better. In Toronto, I carried out thirteen of the twenty-four requests received. Among them, there was one from a Brazilian woman who asked me to seek out people named Graham, in the hope of re-encountering a burning passion. Another request was for me to visit the Shoe Museum, where I was supposed to photograph some pairs and imagine how I would like to wear them.
The collection of gazes of other people was a fascinating experience! Among the requests, one, from a resident of Rio de Janeiro, asked me to seek out a couple that she had not seen for years. I wound up being invited to have dinner with them. Today we are friends, and I have already visited them other times. Living the desire of the other, with gaze, led me to encounters and places that would have been very improbable without these borrowed gazes.