inventário para os nomes do fazer
estar
Imergir, mergulhar. Permanecer, habitar, resistir no/como lugar. Ser povoada pelas extremidades, cantos, reentrâncias e modos de habitar do lugar. Inaugurar um pequeno e breve entre- com gestos mínimos. As derivações do verbo: estar com, que não quer dizer necessariamente estar/ser algo em definitivo, mas experimentar-se em uma condição incompleta e provisória e, assim, intercalar-se com o lugar e suas constituições descontínuas e infindas, carregando-as em si e para as(os) outras(os). Estar onde é uma prática de lugar. Paradoxo: tal derivação não existe com intenção de totalidade, já que é possível estar onde em muitos lugares ao mesmo tempo e carregar o onde a muitos tempos. A saber, “onde” é o ar que interessa adensar.
ser estrangeira
Pressupõe alguns momentos de um percurso. Escolher no mapa, marcar encontros, traçar pactos. Desenhar um caminho, fugir da rota. Deslocar-se, sair de si, de um lugar. Dedilhar a fronteira. Cruzar, atravessar, largar-se da casa. Viver outro teto nada seu, um corpo fora disponível à conversa, quando tudo é imprevisível. Lançar-se na incerteza da hospitalidade e experimentar-se na língua estranha, na intimidade momentânea, na sociabilidade amadora. Ser maleável. Voltar e levar punhados de areia, falas, ares.
ruar
Chutar a pequena pedra de calçada em calçada. Desmembrar o corpo no embate ombro a ombro, olho no olho, pés com pés. Juntar tudo e peregrinar, festejar, habitar. Folhear o espaço na efervescência das diferenças.
(des)ocupar
Aderir, adentrar, ser só “o mais profundo é a pele”[1]. Inclinar-se, dobrar-se, ausentar-se, aproximar-se, metamorfosear-se. Encontrar-se na medida que nunca foi. Gesto em franca oposição ao ocupar que se imagina habitualmente como impor.
desenhar
Procedimento que requer lugar e outra(o) e conjugações de estar. O seu tempo é enquanto no/o lugar. Requer aderência, passagem, contaminação em via de mão dupla. Descrever/ narrar. Ser contorno, desenhar contorno do lugar, enquanto o corpo absorve o clima. Ser contorno, desenhar contorno do corpo, enquanto o clima absorve o corpo.
voltar sempre
Acrescentar endereços. Ir, vir, descer, subir, correr, levantar-se, andar, viajar, peregrinar, deambular. Exaurir-se para seguir. Levar pacotes, memórias, expectativas. Emprestar os olhos. Arriscar-se. Viver como se fosse outra(o). Estar novamente, novamente, novamente, como se nunca tivesse estado.
viver junto
Sentir com, estar com, contar com, conversar com, discordar com, elaborar com, debater com, inventar um outro jeito de viver com, sonhar com (apesar de), fabular com, olhar com. Em presença de outrem: trocar e ser meio de troca. Ativar e acionar. Acontecer e ver acontecer em companhia. “Porque entregar-se a pensar é uma grande emoção, e só se tem coragem de pensar na frente de outrem quando a confiança é grande a ponto de não haver constrangimento em usar, se necessário, a palavra outrem. Além do mais, exige-se muito de quem nos assiste pensar: que tenha um coração grande, amor, carinho, e a experiência de também se ter dado ao pensar.”[2]
encharcar-se
Abrir poros. Preencher-se. Absorver o entorno, a duração do tempo, o sonho da(o) outra(o). Reivindicar o estatuto de ser outra(o) para banhar-se de alguém.
transbordar-se
Abrir poros. E depois de afetar-se, engolir, deglutir, digerir; transformar, traduzir, prosseguir modificando-se por causa da(o) outra(o). O que é transbordado inunda o lugar e o ouve perguntar: onde mesmo estamos? Alagar o tempo de histórias que não pertencem à voz que as prolifera.
soprar/ventar (deixar-se ventar)
Espalhar/ pulverizar/ compartilhar o que vier.
dizer sobre a(s) gente(s)
Juntar gente em torno de um nós. Nossos conflitos, nossos medos, nossas impossibilidades, nossas forças, nossas inquietudes, nossos espelhos são a ignição dessa pronúncia coletiva, polifônica, intraduzível para o uno. Endereçar e pedir resposta, perante, diante, junto. Desenhar o complexo objeto que causa reconhecimento.
fazer-se
Ser nós. Inflamar-se. Questionar-se diante de algo/alguém/situação/lugar. Procedimentos apenas possíveis quando não se está sozinha(o). Ação simultânea a dizer sobre a(s) gente(s). O corpo é fora e se faz porque há mais diante de si. Ou o mesmo que se misturar com/se misturar em. Alterar-se, perder a noção de autenticidade, ser outra(o), como um ínfimo acidente impossível de ser brecado. Multiplicar-se. “É muitas vezes pela linguagem que o outro se altera.”[3]
pedir para responder
Vendar-se enquanto encara a(o) outra(o) para que cada detalhe lhe apareça tal como um susto. Estar ainda mais veementemente para surgir a(o) outra(o). Solicitar, clamar, sugerir, convidar para promover a troca de palavras e de gestos. Quando uma mão convida a outra mão. Exclamar diante da surpresa de quem sugere uma outra relação não prescrita. Abrir bem os ouvidos a um sussurrar. Suscitar a capacidade de resposta enviesada. Não criar perguntas, escavar a dúvida. Escrever frases-dedicatórias, parágrafos-catapultas, palavras-relâmpagos. Estar atenta(o) a quem aparece submetida(o) a seus próprios e íntimos desejos e inconformismos.
tardar(-se)
Esperar a(o) outra(o), o desejo da(o) outra(a), o mover-se da(o) outra(o). Episódio de espera “ativa”, que dura o presente da(o) outra(o) até quando este momento se torna passado rememorável, possível de ser um projétil caminhante à frente. Alargar o tempo dos gestos de encontro.
compactuar
Conversar, negociar, ser sopro. Envolver-se de. Todo e qualquer gesto com o entorno, com o peso dos habitantes, com as formas errantes, com as passagens criadas no embate. Provocar, esperar, recuar, ativar. Lançar indagações sobre o que se vê, abrir-se ao erro, ao mal-entendido. E provocar outras vezes, quantas necessárias. Dialogar com as instâncias que fingem não estar ali. Conviver com as adversidades. Agir no hic et nunc, com profunda consciência, acerca da liberdade em falar/ouvir “sim” e “não”, ao mesmo tempo em que se ressaltam as responsabilidades de cada indivíduo para elaborar um “agora” ou “nunca”. Ser lembrada(o) constantemente que a arte é uma “atividade natural, legítima como as diversões, o esporte, a publicidade, as práticas religiosas”[4].
coletar
Ver, rever, tocar, colecionar, colher algo que já está ali. Revolver o disperso, o junto, aquilo que está envelhecendo, amadurando, despercebido. Chamando com os olhos. Notar o que está se escondendo, o que não quer se dar a ver. Obsessão, necessidade, desejo por evidências. Assumir a presença do mundo como um imenso museu de maravilhas. Procurar, buscar, convocar, juntar. Acumular, dar-se conta do excesso, não subtrair, adicionar mais e sempre, sem que se possa esgotar. Não editar, não escolher, não justificar o critério, mas conviver, perscrutar o conjunto, a multidão, o muito, “a vida triturada numa poalha de grãos — a areia, ainda”[5].
acrescentar
Imagens de “Coleta de espécimes locais”.
memoriar
Forçar o tempo, tomar notas, registrar, documentar, arquivar, guardar histórias. Encharcar-se. Fechar os olhos para congelar a cena. Tratar de tornar tudo tratável. Lamentar o esquecimento. Apegar-se à filigrana. Fazer-se na lembrança, transbordar-se.
“não-esquecer”
Para nunca contar. Manter as reticências da história, prolongar o acontecimento, contar, inventar, narrar, desenhar, elucidar. Ver memória como falha, como lampejo, como percurso fora do horizonte.
escriturar
Imagens de “Nosotros hablamos la misma lengua”.
pesar a palavra
Esculpir, tecer, trançar, lapidar, desenhar a matéria palavra. Exercício do corpo para expandir-se. Diagnosticar o campo em que a palavra joga tentáculos, pensar e demorar-se no ar de seu sopro. Cartografar a distância entre a boca e o ouvido.
desenrijecer
Todo e qualquer gesto que pretende confundir, intrigar, perturbar, desorientar, entrecruzar a(o) própria(o) e a(o) outro(a). Só brincar. Não categorizar, não hierarquizar, não classificar. Não se deixar categorizar, não se deixar hierarquizar, não se deixar classificar. Tornar as gavetas/caixotes dos distintos não iguais, inseparáveis, difusos, nublados. Descobrir e arriscar-se em “noções de certo modo líquidas, capazes de descrever fenômenos de fusão, de ebulição, de interpenetração; noções que se modelariam conforme uma realidade viva, em perpétua transformação”[6]
presenciar-se / ausentar-se
Perceber o próprio corpo em situação de demasiada força, algazarra ou na postura ansiosa de quem quer ser testemunha. Ausentar-se requer um fazer-se. Partir para o espaço de ressonância da(o) outra(o). Assumir que tal ressonância muda por completo os ânimos dos personagens. Provocar a própria falta. Não é o mesmo que desertar. Mas plantar-se ali, como escuta, como esboço de um simples gesto – “estou aqui”. Aproximar-se e ver. Sustentar intimidade, cumplicidade. Exercitar uma “escrita ao lado” que destitui uma(um) do constrangimento de traçar garatujas com a(o) outra(o).
medir a falta
Falta-me qualquer coisa que seja feita de vento. (…) um boné, quatro pares de sapatos de couro, um par de sapatos de plástico – que você adorava – um par de sandálias.
[1] Valéry, Paul. “L’idée fixe”. In: Oeuvres complètes. Tome II. Paris: La Pléiade, 1960, p. 215.
[2] Lispector, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984, p. 10.
[3] Barthes, Roland. Fragmentos do discurso amoroso. Lisboa: Edições 70, 2010, p. 33.
[4] Pedrosa, Mario. Mundo, homem, arte em crise. São Paulo: Perspectiva, 1986, p. 87.
[5] Calvino, Italo. Coleção de areia, São Paulo: Cia das Letras, 2010, p. 14.
[6] Bastide, Roger. Brasil, terra de contrastes. São Paulo: Difel, 1959, p. 65.
inventory for the names of doing
being
Immersing, diving. Remaining, inhabiting, resisting in/as a place. Being settled by the ends, corners, recesses, and modes of inhabiting of the place. Inaugurating a small and brief between– with minimal gestures. The derivations of the verb: being with, which does not necessarily mean to say being something definitive, but instead experiencing an incomplete and temporary condition and, thus, interspersing oneself with the place and its discontinuous and unending constitutions, in such a way that one and the others are charged by them. Being where is the practice of place. A paradox: this derivation does not exist with an intention of totality, since it is possible to be where in many places at the same time and to carry the where to many times. Specifically, “where” is the air that is of interest to make denser.
being a foreigner
Presupposes some moments of a path. Choosing on the map, arranging meetings, tracing pacts. Drawing a path, going off the beaten track. Moving about, going outside oneself, outside of a place. Touching the border. Crossing, going through, leaving home. Living under a roof that is not your own, an outside body available to conversation, when everything is unpredictable. Throwing oneself into the uncertainty of hospitality and experiencing in a foreign language, in the momentary intimacy, in loving sociability. Being malleable. Returning and bringing handfuls of sand, talks, airs.
roaming the streets
Kicking a little stone along the sidewalk. Dismembering the body in the shoulder-to-shoulder, eye-to-eye, toe-to-toe collision. Getting everything together and pilgrimaging, partying, inhabiting. Paging through the space in the effervescence of differences.
(de)occupy
Adhering, going inside, being only “the deepest is the skin.”[1] Leaning over, bending down, being absent, approaching, metamorphosing oneself. Finding oneself in the measure one never was. A gesture in direct opposition to the occupying that is normally seen as an imposition.
drawing
A procedure that requires a place and an other and conjugations of being. Its time is while in/as the place. It requires adherence, passage, cross influence on a two-way street. Describing/narrating. Being an outline, drawing an outline of the place, while the body absorbs the climate. Being an outline, drawing an outline of the body, while the climate absorbs the body.
always returning
Adding addresses. Going, coming, going down, going up, running, getting up, walking, traveling, pilgrimaging, roaming. Exhausting oneself to go onward. Bringing packages, memories, expectations. Lending one’s eyes. Taking a risk. Living as if one were an other. Being once again, once again, anew, as though one had never been.
living together
Feeling with, being with, telling with, conversing with, disagreeing with, elaborating with, debating with, inventing another way of living with, dreaming with (despite), fabulating with, looking with. In the presence of someone else: exchanging and being a medium of exchange. Activating and driving. Happening and seeing the happening in company. “Because immersing yourself in thought is a thrill, and you only have the courage to think in front of someone else when you are confident enough not to feel uneasy about using, if necessary, the other person’s words. It moreover demands a lot from whoever watches us think: one needs a big heart, love, care, and the experience of also having been immersed in thought.”[2]
soaking things up
Opening pores. Getting filled. Absorbing the surroundings, the duration of time, the dream of the other. Claiming the condition of being another to bathe in someone.
overflowing
Opening pores. And after getting affected, swallowing, digesting; transforming, translating, continue modifying oneself because of the other. What overflows floods the place and one hears the question: where exactly are we? Flood the time of stories that do not belong to the voice that spreads them.
blowing like the wind
Spreading/ spraying/ sharing whatever comes one’s way.
talking about “us”
Gather people around an “us.” Our conflicts, our fears, our impossibilities, our forces, our uneasinesses, our mirrors are the ignition of this collective, polyphonic pronouncement, untranslatable to the one. Addressing and asking for an answer, before, in front of, together with. Drawing the complex object that causes recognition.
making oneself
Being “us.” Getting inflamed. Questioning oneself in light of something/someone/situation/place. Procedures only possible when one is not alone. An action simultaneous to talking about “us.” The body is outside and is made because there is more in regard to oneself. Or the same that one mixes with/mixes in. Changing oneself, losing the notion of authenticity, being another, like an insignificant accident impossible to be stopped. Multiplying oneself. “[I]t is language that the other is altered.”[3]
asking to respond
Blindfolding oneself while looking at the other so that each detail appears like a surprise. Being even more vehemently to emerge to the other. Requesting, laying claim to, suggesting, inviting to promote the exchange of words and gestures. When one hand invites the other hand. Exclaiming out of the surprise of who suggests another unprescribed relationship. Opening one’s ears to a murmur. Engendering the ability for an indirect response. Not creating questions, digging into the doubt. Writing dedicatory phrases, catapult-paragraphs, lightning-words. Paying attention to who appears submitted to their own, intimate desires and nonconmformities.
being late
Waiting for the other, the desire of the other, the movement of the other. An episode of “active” waiting, which lasts through the other’s present until when this moment becomes a rememorable past, possible to be a thing walking ahead. Enlarging the time of the gestures of encounter.
making agreements
Conversing, negotiating, being like a wind. Getting engaged in. Every and any gesture with the surroundings, with the weight of the inhabitants, with the wandering forms, with the passages created in the collision. Provoking, expecting, withdrawing, activating. Making questions about what one sees, opening oneself to mistakes, to misunderstandings. And giving rise to other times, when necessary. Dialoguing with those who pretend not to be there. Living together with adversities. Acting in the hic et nunc, with profound awareness, about the freedom of saying/hearing “yes” and “no,” at the same time that they underscore the responsibilities of each individual to elaborate a “here” or a “never.” Being constantly reminded that art is a “natural, legitimate activity like the entertainments, sport, advertising, religious practices.”[4]
collecting
Seeing, seeing again, touching, collecting, collecting something that is already there. Rummaging through the scattered, what is together, that which is aging, maturing, unperceived. Beckoning with one’s eyes. Noting what is concealing itself, what does not wish to be seen. An obsession, a need, a desire for evidences. Assuming the presence of the world as a huge museum of wonders. Seeking, looking for, convoking, gathering. Accumulating, becoming aware of excess, not subtracting, adding more and always, without the possibility of running out. Not editing, not choosing, not justifying the criterium, but living together, scrutinizing the group, the crowd, the many—“life ground down to a dust-cloud of tiny grains: sand, once more.”[5]
adding
Images of “Collection of local specimens.”
making a memoir
Forcing time, taking notes, recording, documenting, archiving, keeping stories. Soaking things up. Closing one’s eyes to freeze the scene. Trying to make everything treatable. Regret the forgetting. Attaching oneself to the filigree. Making oneself in the memory, overflowing.
“not-forgetting”
In order to never tell. Keeping the secrets of the story, prolonging the happening, telling, inventing, narrating, drawing, elucidating. Seeing memory as flawed, as lightning, as a path outside the horizon.
making a written record
Images of “Nosotros hablamos la misma lengua.”
weighing the word
Sculpting, weaving, braiding, polishing, drawing the material word. Exercising the body to expand oneself. Diagnosing the field in which the word throws tentacles, thinking and lingering in the air of one’s breath. Making a map of the distance between the mouth and the ear.
softening
Any and every gesture that aims to confuse, intrigue, perturb, disorient, intercross oneself and the other. Only playing. Not categorizing, not hierarchizing, not classifying. Not allowing oneself to be categorized, not allowing oneself to be hierarchized, not allowing oneself to be classified. Making the drawers/boxes of distinct and unequal things inseparable, diffuse, and foggy. Discovering and taking a risk in “notions that are somewhat liquid and able to describe phenomena of fusion, of ebullience, of interpenetration; notions that are modeled according to a living reality, in perpetual transformation.”[6]
being present / being absent
Perceiving one’s own body in a situation of excessive force, clamor, or in the anxious posture of one who wants to be a witness. Making oneself absent requires a making of oneself. Heading off for the space of resonance of the other. Assuming that this resonance changes the spirits of the people completely. Provoking one’s own absence. It is not the same as deserting. But rather planting oneself there, as a listener, as the sketch of a simple gesture—“I am here.” Approaching and seeing. Sustaining intimacy, complicity. Exercising a “written at the side” that prevents the embarrassment of drawing doodles with the other.
measuring the lack
I lack anything that is made of wind.… a cap, four pairs of leather shoes, a pair of plastic shoes—that you loved—a pair of sandals.
[1] Paul Valéry, “L’idée fixe,.” in: Oeuvres complètes, Tome II. (Paris: La Pléiade, 1960), 215.
[2] Clarice Lispector, A descoberta do mundo (Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984), 10, translated for this volume.
[3] Roland Barthes, A Lover’s Discourse: Fragments, translated by Richard Howard (New York: Hill and Wang, 2010, 26).
[4] Mario Pedrosa, Mundo, homem, arte em crise (São Paulo: Perspectiva, 1986), 87.
[5] Italo Calvino, Collection of Sand, translated by Martin McLaughlin (New York: Houghton Mifflin Harcourt, 2014), 8.
[6] Bastide, Brasil, terra de contrastes (São Paulo: Difel, 1959), 65, translated for this volume.